A Microsoft deu nesta segunda-feira mais um passo em sua
“cruzada” contra o cibercrime: por ordem da corte norte-americana, a empresa tomou posse de 22 domínios gratuitos do No-IP, todos
supostamente explorados por criminosos para espalhar vírus desenvolvidos no
Oriente Médio e na África. Mas apesar da boa notícia, a ação acabou por
prejudicar cerca de 4 milhões de usuários legais do serviço de Domain Name
Systems Dinâmicos (DDNS).
O No-IP existe desde 1999, e nasceu oferecendo os tais DDNS
gratuitos e o redirecionamento de endereços. De forma simplificada, como
explicam o The Register e o Ars technica, o serviço garante a usuários subdomínios
gratuitos, como um “casa.no-ip.org” ou um “camera.no-ip.org”. Essas URLs ficam
sempre atribuídas ao IP usado em um computador pessoal, por exemplo, de forma
que o link não sai do ar mesmo que a identidade da máquina mude – como
normalmente acontece por causa dos IPs dinâmicos, mais comumente utilizados.
O serviço é bem útil em casos envolvendo uma nuvem pessoal,
o acesso remoto a uma câmera-IP de vigilância ou a um servidor de testes de uma
aplicação, por exemplo. O problema é que, ao mesmo tempo em que tem sua
utilidade legal, um DNS dinâmico também pode ser usado por cibercriminosos para
gerenciar “centrais de controle” de múltiplos computadores, as chamadas
botnets.
Histórico do caso – O procedimento todo teve início em 19 de
junho, quando a Microsoft entrou com um pedido em uma corte dos EUA. Os
advogados da empresa afirmaram que o No-IP era explorado frequentemente por
criminosos, e “ajudava” 245 tipos diferentes de malware a circular pela
internet. Como lembrou o Ars Technica, OpenDNS e Cisco também já fizeram reclamações e análises similares. E
para provar que essa propagação de fato acontecia, a MS ainda mostrou que as
duas ameaças principais (das famílias Bladabindi e Jenxcus) espalhadas pelo serviço
de DDNS foram detectadas pelo menos 7,4 milhões de vezes só em 2013.
O pedido da companhia foi atendido pela Justiça americana
porque a Vitalwerks Internet Solutions, responsável pelo No-IP, fora
considerada negligente. Ainda pesou o fato de que esses ataques atingiam
diretamente os usuários do Windows e, consequentemente, a própria Microsoft –
que acabou por tomar o controle daquelas mais de duas dezenas de domínios
gratuitos oferecidos pelo serviço, cujos donos ainda reclamaram por não terem
sido avisados sobre o processo.
Problemas e reclamações – Praticamente atuando como a dona
do serviço a partir da agora, a MS se tornou capaz de separar facilmente os
domínios e hostnames “bons” dos “ruins”. O problema é que a infraestrutura da
empresa não foi capaz de suportar as consultas (ou queries) dos clientes do
No-IP, que ficaram sem conseguir acessar seus endereços.
“Temos cerca de 4 milhões de usuários afetados por essa
interrupção, pessoas que estão fazendo cosias ótimas”, disse ao The Register uma representante do antigo responsável
pelo serviço, dando uma resposta à Microsoft. “Eles deveriam filtrar o tráfego
de malware e deixar o tráfego bom de lado, mas aparentemente seus servidores
não conseguiram aguentar.”
A resposta da MS, no entanto, já havia sido dada. Richard
Domingues, executivo da unidade de crimes digitais da empresa, escreveu que
“conforme criadores de malware continuam poluindo a internet, donos de domínios
devem agir de forma responsável, monitorando e se defendendo do cibercrime em
suas infraestruturas”. “Se provedores de DNS Dinâmicos como o No-IP forem
cuidadosos e seguirem as boas práticas da indústria, será mais difícil para os
criminosos operarem anonimamente”, completou Domingues, na dura crítica.
Independente de que lado está com a razão, o fato é que não
é a primeira vez que o No-IP está envolvido em uma polêmica, como a Cisco já mostrou aqui. No entanto, não dá para negar a
parcela de culpa da companhia responsável pelo Windows no problema. Se quiser
entender melhor esse décimo "ataque" da Microsoft aos malware, vale
checar o post completo no blog oficial. E caso precise de
alternativas – já que, ao Register, a empresa não conseguiu comentar o caso –,
ainda existem o Dyn (pago), o FreeDNS (gratuito), entre outras opções.
Fonte: Info Abril
Fonte: Info Abril
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